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  • Foto do escritorBruna

Pane no sistema: eu me desprogramei

De março de 2020 para cá, eu não trabalhei mais fora de casa. Emendei o home office em um brevíssimo período de desemprego e, então, no mestrado, ao qual me dedico (quase) exclusivamente. Quando estava trabalhando, era fácil manter uma rotina: acordar, tomar banho, comer e passar as próximas 8h seguintes em frente ao computador. As tarefas de casa eram feitas após o expediente ou durante a revisão de um projeto. Hoje, porém, as demandas da casa e da família tomam mais tempo que o trabalho de pesquisa.

 

Entre 2022 e 2023, tentei estabelecer um programa que englobasse minha pesquisa, o estágio de docência, o voluntariado, as demandas pessoais e, para não enlouquecer, o mínimo de lazer (distribuído entre um tempo para pintar as unhas, um dia para maratonar séries e filmes despreocupadamente e uma saída ou outra) e um exercício físico rápido, que eu fazia em casa. Mesmo não desejando algo extremamente rígido, não consegui seguir os horários e dias estabelecidos. Ajustei inúmeras vezes e, ainda assim, não funcionava.

 

Pessoalmente, 2023 foi um ano puxado, mais do que academicamente, e no último trimestre, desisti de tentar seguir uma rotina. Na contramão, deixei o espaço diário do planner para registrar o que eu havia feito e não o que eu planejava fazer. Muitas e muitas vezes eu só conseguia marcar como iniciada ou concluída uma ou duas tarefas porque surgia uma consulta ou um exame surpresa para aquele dia. Às vezes, esse era o panorama da semana inteira: uma ou duas tarefas feitas das 20 planejadas. Eu acumulava “x” ao lado de cada atividade no planner e, no fim das contas, havia uma sensação de inutilidade, como se eu não tivesse feito nada além de procrastinar. Decepcionante, né? Mas era mentira.

 

Os dias raramente eram de procrastinação e de ficar na frente da TV ou do computador assistindo alguma coisa. Aos poucos, por preguiça ou falta de disciplina, deixei de registrar essas várias atividades que eu tinha feito e, agora, acho que estou mais consciente das minhas ações, mesmo daquelas pequenininhas. Além disso, entendi que, neste momento, preciso ser mais flexível, sabendo encaixar e realizar novas prioridades assim que elas surgem – afinal, elas não podem esperar de jeito algum. A falta de disciplina (sim, ela é bem presente na minha vida e eu sei disso) não é o fator determinante neste caso.

 

Precisando priorizar as demandas pessoais, eu compreendi que eu não sou necessária apenas quando estou produzindo “para fora”. Minha casa e minha família também são uma organização que precisa que todos estejam bem e em sintonia para funcionar. Foi assim, inclusive, que consegui ter aqueles momentos de lazer planejados: aqui, nós sabemos que precisamos descansar e seguramos as pontas quando alguém precisa de folga. Embora seja, às vezes, muito mais exaustivo do que trabalhar em uma empresa (afinal, nós continuamos com a jornada dupla), há uma maior compreensão por parte dos “chefes”.

 

Neste mês de março, tem-se início o Ano Novo Astrológico e hoje, dia 10, é o melhor dia para abandonarmos tudo o que queremos que fique no ano passado e escrever as novas metas para este. Vou ser repetitiva e desejar diminuir o ritmo, aproveitar que temos tempo para tudo e viver, com ou sem rotina. É claro que as listas de afazeres surgiram e surgirão vez ou outra quando a ansiedade bater, quando for necessário correr atrás do prejuízo nas outras áreas, quando os prazos estiverem apertados, mas não posso – não podemos – esquecer do tanto que fizemos e fazemos todos os dias. Este deve ser um lembrete constante.


E mais: estamos sobrecarregadas, mas este não deve ser o nosso status eterno, nem que para isso precisemos abrir mão de uma rotina bonitinha, tão almejada e incentivada nas redes sociais, porque achar a rotina perfeita também é um processo cansativo.

 

Agora, astrologicamente falando: Feliz Ano Novo!



@annespratt

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